Concurso Nacional Unificado: entenda o Guia Referencial para Concursos Públicos - parte 02
Outro Eixo Transversal sugerido no Guia Referencial para Concursos Públicos, da Enap (Escola Nacional de Administração Pública), é Realidade Brasileira, Políticas Públicas e Desenvolvimento Nacional.
A banca que for contratada deverá cobrar o eixo na prova do Concurso Nacional Unificado, que deve ser aplicada até final de março de 2024.
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Neste eixo, fazem parte os temas de Estado, Políticas
Públicas e Democracia; e Sociedade, Dinâmica Econômica e Realidade Brasileira.
Cada um desses temas foi dividido em disciplinas. Hoje vamos
abordar Instituições, Planejamento Governamental, Finanças e Gestão Pública,
que faz parte do tema de Estado, Políticas Públicas e Democracia.
De acordo com o Guia, “a cobrança desses conteúdos não deve
se dar num nível abstrato, pois são conceitos que devem ser pensados dentro da
realidade e da complexidade de cada cargo e/ou carreira que será objeto do
processo de seleção”.
O documento recomenda a necessidade de garantir que esses
conteúdos sejam aplicados de forma prática tanto nas provas objetivas e discursivas
como em cursos de formação ou durante a ambientação profissional.
Estado, Políticas Públicas e Democracia: Instituições,
Planejamento Governamental, Finanças e Gestão Pública
O Guia Referencial para Concursos Públicos da ENAP apresenta
um contexto sobre o campo de estudos em políticas públicas no Brasil.
O texto explica que o tema começou a tomar forma nos anos
1950, com foco na tomada de decisões associadas ao ciclo de políticas públicas.
Neste período, predominava uma mentalidade instrumental,
focada na resolução analítica de problemas complexos e socialmente relevantes,
apoiada em conhecimentos especializados.
Sob uma perspectiva científica, a abordagem favorecia uma
ciência neutra e baseada em evidências empíricas, considerada o melhor caminho
para encontrar soluções tecnicamente viáveis.
No entanto, esse paradigma foi alvo de críticas que
questionavam e ampliavam os modelos de racionalidade e comportamento dos
agentes envolvidos.
Nas décadas seguintes, diversas correntes institucionalistas
argumentaram que o contexto institucional, histórico e sociológico influencia e
limita as escolhas, preferências e decisões de indivíduos e organizações.
Além disso, essas correntes sugerem que as instituições
fornecem incentivos diversos que moldam as estratégias dos participantes no
processo decisório de formulação e implementação de políticas públicas.
Além disso, passou-se a considerar a dimensão simbólica na
análise de políticas públicas, onde a percepção cognitiva da realidade
tornou-se um referencial importante para a construção de políticas.
Nesse contexto, as instituições e ideias são vistas como
elementos essenciais nos processos de construção de significados
compartilhados, que mediaram oportunidades políticas, organizações
socioeconômicas e ação coletiva.
Segundo o documento, passados cerca de 70 anos, encontramo-nos
imersos em um ambiente cada vez mais complexo, permeado por diversas abordagens
interpretativas que variam desde tradições positivistas, como abordagens por
ciclos e design de políticas, e abordagens por agendas e coalizões, até
perspectivas pós-positivistas e estudos críticos, como abordagens por discursos
e discursividades, e abordagens por argumentos e valores.
Além disso, o documento aponta que surgiram lentes
analíticas que buscam conectar essas tradições, como abordagens por governança
e instrumentação da ação pública, e abordagens por burocracia e ativismo
institucional, juntamente com novas correntes, como abordagens centradas no
consumidor e abordagens que exploram emoções e multilateralidade.
Assim, o campo do conhecimento em políticas públicas
consolida-se por meio da integração de conhecimentos acumulados sobre o
processo decisório, planejamento, orçamentação e gestão de políticas públicas.
Isso inclui também a análise dos resultados e a avaliação de
seus impactos no bem-estar coletivo. Vale ressaltar que existem diferentes
enfoques, variando desde os mais estabelecidos até os menos consolidados
cientificamente.
Como sugestão, o Guia Referencial para Concursos Públicos da
Enap define como assuntos para as provas do Concurso Nacional Unificado os
seguintes tópicos sobre Instituições, Planejamento Governamental,
Finanças e Gestão Pública:
a. Papel das instituições;
b. Dilemas entre planejamento, execução e controle;
c. Novas formas de gestão de serviços públicos: formas de
supervisão e contratualidade de resultados e prestação de serviços públicos;
d. Noções sobre finanças públicas, ciclo orçamentário,
controles interno e externo, monitoramento e avaliação de gastos e políticas
públicas federais;
e. Análise das relações Estado-Sociedade, isto é, da
interação entre atores estatais e societais na produção de políticas públicas,
incluindo estudos sobre as práticas participativas nos processos de produção de
políticas públicas;
f. Complexas interações entre uma multiplicidade de atores
em redes de políticas públicas, tais como: redes sociais, comunidades de
políticas, comunidades epistêmicas, empreendedores de políticas etc.;
g. Importância das ideias e crenças para o processo de
elaboração e implementação de políticas, como as diversas abordagens
ideacionais e interpretativas;
h. Continuidades e rupturas na produção de políticas
públicas ao longo do tempo ou em comparação com outros países;
i. Modelos analíticos de desenho e implementação de
políticas públicas, como arranjos institucionais e coordenação em ambientes
político-institucionais complexos, governança, policy-design e escolha/uso de
instrumentos e mecanismos de articulação intersetorial e intergovernamental;
j. Pontos cegos, vieses de atenção e riscos de reprodução de
desigualdades;
k. Política pública como experiência do cidadão, jornadas
dos usuários, fardos administrativos (administrative burdens), simplificação do
acesso e promoção da equidade e da cidadania;
l. Transformação digital, inovação em processos e entregas
de governo.
Com essas informações, você já pode identificar uma parte do conteúdo que será necessário estudar para o seu cargo escolhido no Concurso Nacional Unificado.
Na próxima matéria vamos abordar Instituições, Direito Constitucional e Administrativo, sob a ótica do Guia Referencial para Concursos Públicos, da ENAP.