Concurso Nacional Unificado: entenda o Guia Referencial para Concursos Públicos - parte 01
O Concurso Nacional Unificado (CNU) terá o seu edital publicado em dezembro deste ano. A decisão de realizar o chamado 'Enem dos concursos' foi tomada pelo Governo Federal no primeiro semestre de 2023. O certame oferecerá mais de 6 mil vagas no serviço público federal.
E para quem está de olho no CNU, a principal dúvida é
entender o que estudar. Essa resposta definitiva só será dada com a publicação
do edital. Mas não é preciso esperar. Você já pode, e deve começar a estudar o
quanto antes.
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Fontes do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos
já adiantaram qual será o perfil da prova, e com informações sobre disciplinas que
estarão no edital.
Em um artigo publicado no site do Estadão, por exemplo, em 10
de outubro, José Celso Cardoso Jr., Secretário de Gestão, Maria Aparecida
Chagas, Diretora de Provimento e Movimentação de Pessoal, e Lorena Ferreira,
Chefe de Gabinete, anunciaram algumas dessas disciplinas.
As provas objetivas deverão perpassar temas como a
valorização do ethos público, realidade brasileira e das relações entre Estado
e políticas públicas e desenvolvimento nacional, conhecimentos referentes às
bases constitucionais do Estado (Direito Constitucional), à estrutura e
funcionamento da administração pública e fundamentos do direito administrativo,
além de português e inglês.
O Ministério da Gestão já informou que a banca contratada deverá se basear no Guia Referencial para Concursos Públicos, da Enap (Escola Nacional de Administração
Pública). E o IGEPP Online
traz para você uma série de matérias sobre o guia da Enap e o que deve ser
cobrado nas provas.
Sobre o Guia Referencial para Concursos Públicos
Publicado este ano, o Guia Referencial para Concursos
Públicos, da Enap, foi elaborado para ajudar no planejamento dos concursos
públicos federais.
De acordo com o documento, para garantir uma avaliação
abrangente, é importante contemplar conteúdos que fortaleçam a vocação para a
Administração Pública, bem como aqueles ligados aos eixos transversais.
Segundo o guia, ethos público, diversidade, inclusão,
direitos humanos, realidade brasileira, políticas públicas e desenvolvimento
nacional são temas que podem avaliar a motivação e o compromisso com o
interesse público daquelas pessoas que vão passar boa parte de sua vida laboral
servindo à sociedade.
Disciplina transversal: Ethos Público
O guia traz definições para o conceito de ethos público:
“A palavra ethos tem raízes gregas. Identifica o ‘caráter
distintivo, o sentimento, a natureza moral ou as crenças orientadoras de uma
pessoa, grupo ou instituição’ - definição Webster. Em termos sociológicos, o
termo designa um conjunto organizado de princípios e esquemas de pensamentos e
de ação dos indivíduos.”
Segundo o texto, “no serviço público, o ethos refere-se aos
valores e normas profissionais que orientam o comportamento dos servidores. O
ethos público enfatiza a importância de princípios de ordem superior, como
constitucionalismo, cidadania, interesse público, equidade social e justiça,
bem como a preocupação com a conservação da integridade do Estado Democrático
de Direito”.
O objetivo do Ministério da Gestão é que esses princípios
devem pautar a responsabilidade pública, constituindo obrigação a ser observada
pelos servidores públicos.
O ministério acredita que, desta forma, o serviço se
voltaria ao bem comum e transcenderia aos desejos do governo da época, além de
envolver um senso de dever de preservar a integridade do próprio Estado
Democrático de Direito e de direitos humanos.
No contexto profissional das servidoras e dos servidores
públicos, o ethos pode ser visto como a forma pela qual essas pessoas
interpretam e cumprem suas funções.
Em outros termos, segundo o Guia Referencial para Concursos
Públicos, é fundamental que os quadros públicos sejam compostos por indivíduos
plenamente cientes de seu papel na defesa do bem-estar coletivo e na defesa do
Estado Democrático de Direito.
O documento recomenda que “os servidores passem por
formações e capacitações frequentes com o objetivo de fortalecer uma cultura e
um comportamento voltados ao bem comum, ao interesse público e aos princípios
democráticos.”
Por isso, o conceito de ethos público será considerado já no
momento da seleção de servidoras e servidores públicos.
O guia revela que a elaboração e a divulgação de editais de
concursos públicos devem ser pensadas de maneira estratégica, visando
selecionar pessoas já previamente dotadas de alinhamento aos desejos das
organizações públicas e aptas a desempenhar as atribuições da carreira para a
qual concorrem e que sejam imbuídas do ethos público e o exerçam a partir de
sua vocação com o interesse público.
Desta forma, conforme orientação do documento, as comissões
organizadoras e as bancas examinadoras de concursos devem ser orientadas a
adotar as seguintes ações:
• Realização de provas discursivas com peso relevante em
todos os concursos, possibilitando avaliar a compreensão e a capacidade dos
candidatos de aplicar os valores republicanos e democráticos em situações
práticas. As bancas podem propor casos hipotéticos e pedir aos candidatos que
apresentem soluções considerando esses princípios, demonstrando assim sua
habilidade em aplicá-los no exercício da função pública;
• Análise de experiências prévias, com peso relevante para
aquelas desenvolvidas no setor público e que contribuíram para a democracia:
uma avaliação criteriosa das experiências anteriores dos candidatos pode
revelar pistas sobre sua atuação e comprometimento com os valores republicanos
e democráticos. As bancas podem solicitar informações detalhadas sobre
atividades profissionais, voluntariado ou participação em movimentos sociais,
buscando identificar experiências em que os candidatos tenham demonstrado respeito
à igualdade, transparência e participação cidadã. Recomenda-se um equilíbrio
nessa análise, pois esses critérios podem afastar candidatos trabalhadores e/ou
com responsabilidades familiares, submetidos a condições materiais que
limitaram outros tipos de sociabilidade;
• Realização de entrevistas, para avaliar a postura dos
candidatos em relação aos valores republicanos, democráticos e à promoção e
defesa de direitos humanos. Nesse formato de entrevista, as bancas podem fazer
perguntas específicas sobre situações éticas e sobre como os candidatos
lidariam com dilemas que envolvam a defesa da igualdade, transparência,
justiça, igualdade e participação cidadã; e
• Avaliação, nas provas objetivas e discursivas, de
conhecimentos sobre conteúdos relacionados ao conceito de ethos público e
valores democráticos, pluralistas e universalistas, como por exemplo:
a. ética aplicável aos servidores públicos, inclusive na sua
relação com os administrados, como previsto nas leis do direito administrativo;
b. princípios, direitos e garantias constitucionais;
c. normas que regem a ética da Administração Pública;
d. noções de direitos humanos como previstos nas leis e nos
tratados internacionais, incluindo temas como igualdade, não discriminação,
direitos de minorias, direitos das mulheres, direitos das pessoas idosas,
direitos das pessoas com deficiência, combate ao racismo, igualdade racial,
direitos das pessoas LGBTQIA+, entre outros;
e. ações afirmativas, equidade e a garantia do princípio da
igualdade material;
f. princípios acerca dos conceitos de cidadania, democracia
(participativa, representativa e deliberativa), participação e controle social,
como previstos na Constituição;
g. transparência e accountability no contexto das
instituições e processos democráticos;
h. políticas sociais aplicadas ao contexto brasileiro;
i. decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos em
casos envolvendo o Brasil;
j. direitos fundamentais a partir do entendimento do STF,
especialmente em relação ao direito administrativo e constitucional; e
k. inovações legislativas no ambiente virtual, como o Marco
Civil da Internet.
Com essas informações, você já pode identificar uma parte do conteúdo que será necessário estudar para o cargo escolhido no Concurso Nacional Unificado.
Na próxima matéria vamos abordar a disciplina Realidade
Brasileira, Políticas Públicas e Desenvolvimento Nacional, sob a ótica do Guia
Referencial para Concursos Públicos, da ENAP.